segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Unidos pela lona preta

O MST(Movimento dos Trabalhadores rurais Sem Terra) normalmente é associado a um cenário de violência gerado por suas invasões a fazendas improdutivas.Com acampamentos objetivam a desapropriação da terra,afim de assentar famílias que lutam pela reforma agrária. Reúne pessoas de costumes diferentes que com o objetivo de conquistar terras levam uma vida comunitária com superação de conflitos internos provocados por visões e hábitos diferenciados.

“(...)Foi em 99,mês de abril,aí o pessoal já me ajudou,ajuntou uma turma lá ai já foi ajudar cortar madeira,fincar o barraco tal e naquele dia mesmo eu já tava com o barraquinho pronto,né? O pessoal lá do acampamento ajudou,ajudou buscar bambus,não!Não!eu achei muito bom,né?A união,as pessoas emprestaram as ferramentas para fazer os barracos,o pessoal ajudando,ajudou a cobrir,né?Fizemos os barraquinhos(...)”
(Jonas Batista Nunes sobre a ocupação da fazenda São Domingos, Urbelândia,MG)

O acampamento é formado por uma população que vem de situações precárias de vida e se submetem a uma nova situação precária com a substituição de um sonho individual por uma luta coletiva. Embora muitas das vezes sejam (re)tratados como oportunistas é improvável que alguém se submeteria ao que eles se submetem se não fosse a real necessidade.





“(...) E a gente vem, as barracas da gente é feita de é muito fraquinha, né?É feita de lona, né?De madeira mesmo, aquelas madeiras fracas.Também,às vezes,quando vem um vento,venta muito,quando venta muito assim,derruba aqueles barrracos pra lá,né? Cai,rasga a lona e também não tem piso, vira tudo aquele barro, aquela coisa esquisita, num é fácil. Quando ta estiando o sol até que é bom, né? Mas se chover é um problema, fica difícil, mais difícil mesmo, sofre bastante. E outra também que esquenta muito, começa a esquentar assim, o calor demais, a lona esquenta assim, que fica quase derretendo. E daí, ela sei lá!Parece que junta, que fica aquele problema de oxigênio, parece que o oxigênio não anda ali na barraca. E costuma sempre dar problema de saúde, né?(...)inclusive,até que eu fui de muita sorte que num veio a complicar tanto que nem já complicou com alguns companheiros. Teve companheiro que num veio agüentar esse tipo de coisa e vieram a falecer durante a trajetória(...)” (João Moura dos Santos sobre as condições de um acampamento)

“No último dia 27(novembro 2011), dois homens armados entraram no acampamento Vitória atirando na direção da casa do acampado Divino. As informações são da Comissão Pastoral da Terra (CPT) que informou que os dois atirados procuravam por Divino e o seu tio, Noginel. O acampamento fica no município de Palmeirante, Tocantins, às margens da rodovia TO-335, e é formado por 19 famílias.
(...)As famílias já enfrentam problemas com pistoleiros desde o ano passado. Em 19 de dezembro, ocorreram sessões de intimidação com tiros e movimentações noturnas no acampamento. Situações que se repetiram a cada semana nos meses de fevereiro a maio deste ano. Os acampados relatam a presença de veículos em baixa velocidade com passageiros que os agridem verbalmente.”
(www.mst.org.br Por Lia Gonçalves)

Acampar nada mais é do que o caminho entre a falta de perspectiva e o sonho da terra para plantar com uma casa digna para viver.

Entrevistas:SILVÉRIO, Leandra D .Mestrado em História Título: Assentamento Emiliano Zapata: trajetória de lutas de trabalhadores na construção do MST em Uberlândia e Triângulo Mineiro (1990-2005)

Fotos:Sebastião Salgado

Letícia Oliveira

Um comentário:

  1. Hino MST com vídeo de mantagem de barracos:

    http://www.youtube.com/watch?v=sMGrqJuiA9g


    Letícia Oliveira

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